Cavaleiro Andante

27.8.05

Canais Negros de Tortuguero

Um dos momentos mais impressionantes da nossa passagem pela Costa Rica. O passeio de barco pelos canais negros de Tortuguero. Água tingida de negro por acção das raízes de uma árvore, cujo nome desconheço. Rodeados por vegetação luxuriante e animais selvagens. No meio de um silêncio só cortado pelos sons das aves e pelo quase imperceptível deslizar do barco. Momento verdadeiramente mágico que recordo com prazer.

Canais de Tortuguero

Num Canal de Tortuguero

Nas margens de um dos canais de Tortuguero

Canais negros (água tingida por um tipo de raíz de árvore) de Tortuguero
Francisco 1:31 da tarde | 5 comments |

22.8.05

Da Costa Rica III

Tenho de destacar o elevado nível de educação do seu povo. Conforme nos disse um muito bem informado motorista de uma das carrinhas que nos transportaram, o governo da Costa Rica tem privilegiado o investimento na educação, garantindo a existência de escolas primárias (primeiros seis anos, sendo a escolaridade obrigatória de 11 anos) em todas as localidades onde existam, pelo menos, cinco crianças em idade escolar, deixando para segundo lugar outros tipos de obras públicas (estradas, por exemplo, como pudemos constatar pelo mau estado de muitas), por falta de recursos financeiros. Foi com evidente orgulho que o referido motorista nos falou como, desde criança, são sensibilizados para a preservação do seu património natural, para a correcta gestão dos resíduos, para os malefícios do tabaco. E cito esta questão do tabaco apenas porque, a este respeito, contou-nos ainda como o pai, fumador, nunca o fazia na frente dos filhos, ao ponto de só muito mais tarde ter sabido desse seu vício. Aliás, não me lembro de ter visto qualquer pessoa fumar na Costa Rica, para além de um dos nossos companheiros de viagem. E também não encontrei ninguém que não soubesse comunicar em inglês, mesmo aparentando um aspecto humilde. Mas o certo é que, fora estes aspectos mais culturais, os cidadãos da Costa Rica não têm um elevado nível de vida, auferindo, por exemplo, o nosso motorista cerca de 300 dólares americanos mensais quando um litro de leite para criança atinge cerca de 2 dólares, segundo também nos disse.

O Rapaz e o Escaravelho - Tortuguero
Francisco 4:09 da tarde | 4 comments |

21.8.05

Da Costa Rica II

Um dos momentos mais memoráveis da visita: a desova das tartarugas verdes em Tortuguero, a Terra das Tartarugas. Milhares de tartarugas, todas as noites, nesta altura do ano, saem do mar para desovar em covas que fazem na areia dos mais de vinte quilómetros de praia de Tortuguero. Para protecção da espécie, apenas são permitidas visitas guiadas, em grupos com um máximo de dez pessoas, entre as vinte e as vinte e quatro horas. Depois das cinco da manhã, já são possíveis visitas livres e a utilização de máquinas fotográficas, caso ainda se encontre alguma tartaruga mais atrasada. Foi o que fiz, embora apenas encontrando uma tartaruga já em fase de cobertura e disfarce do local da desova.

Tartaruga a cobrir os ovos com a areia I

Tartaruga a cobrir os ovos com a areia II

Tartaruga a iniciar o regresso ao mar depois da desova

Tartaruga a regressar ao  mar depois da desova I

Tartaruga a regressar ao mar depois da desova II

O rasto do regresso da tartaruga ao mar
Francisco 9:30 da manhã | 4 comments |

20.8.05

Da Costa Rica

Posso dizer que se excederam todas as minhas expectativas. País pouco procurado pelos portugueses, era sempre com espanto que as pessoas locais, incluindo as ligadas ao sector do turismo, recebiam a informação sobre a nossa nacionalidade. De facto, o turismo na Costa Rica vive sobretudo do mercado norte-americano e muito pouco do europeu. Mas creio que por pouco tempo, pois o destino Costa Rica irá, mais cedo ou mais tarde, também fazer as delícias dos amantes da natureza de todos os continentes, tão grandes, belos e valiosos são os seus ecossistemas (cerca de 4% do total mundial das espécies animais encontram-se na Costa Rica). Várias vezes, durante a minha estadia e perante a imensidão de verde -- pois é o verde da vegetação a cor predominante na Costa Rica -- pensei como os Açores, embora numa escala completamente diferente e com alguns conteúdos menos originais, também tem no seu âmago um enorme potencial de atracção do tipo de turismo que hoje procura a Costa Rica. E não falo só no verde mas também nas manifestações de vulcanismo, desenvolvidas ao máximo, quer através do aproveitamento, à semelhança da Islândia, das águas quentes para piscinas naturais, quer através da verdadeira romaria de turistas que, mesmo nesta época dita baixa, observa, de longe, o Arenal (um vulcão) a verter calmamente as suas lavas. Mas os aspectos comuns não ficam por aqui: pelo menos nesta época do ano, também dona chuva aparece e desaparece, provocando algumas alterações na programação das visitas que todos aceitam desportivamente como mais uma inevitabilidade benéfica da Natureza!

Verde da Costa Rica

Reflexos da Costa Rica

Um Gafanhoto

Tartaruga regressando ao mar depois da desova

Um Nascer de Sol na Costa Rica
Francisco 5:10 da tarde | 9 comments |

11.8.05

Tempo Perdido

É o inconveniente de se ir para certos destinos. O tempo perdido em aeroportos e deslocações. Venho carregado de livros e até do passatempo da moda que dá pelo nome de Su Doku. Saímos de Ponta Delgada depois do almoço de hoje e só devemos chegar a São José, na Costa Rica, depois das duas da manhã de sábado (hora dos Açores), isto se os horários forem cumpridos. E, depois, no regresso, a mesma coisa... Às vezes interrogo-me se vale a pena tanto sacrifício e se o melhor não seria ficar por mais perto e aproveitar melhor o tempo. Mas a verdade é que também há aquele bichinho que nos empurra para a descoberta de outras realidades. E aqui vamos nós à procura dos mistérios dos parques naturais da Costa Rica, neste momento em Lisboa para amanhã de manhã partir, via Newark, para o nosso destino final.

Francisco 10:35 da tarde | 8 comments |

8.8.05

Subir ao Céu

Literalmente subir ao céu. Foi esta a última experiência deste Cavaleiro Andante, ao atingir o topo da montanha do Pico, a 2351 metros de altitude, no passado sábado, dia 6 de Agosto de 2005. Uma subida programada ainda no ano passado, aquando da elaboração do Plano de Actividades dos Amigos dos Açores para 2005, e que acertou em cheio no dia. Um dia de céu quase completamente descoberto e que nos proporcionou a sensação única de pisar terra firme com uma vista só conhecida de avião. No cume, são indescritíveis os olhares. De um lado, o Faial. Do outro São Jorge. Mais atrás, a Graciosa. E, lá mais para a direita e ao fundo, a Terceira. Acompanharam-nos na escalada 38 Amigos dos Açores, embora apenas metade tenha chegado mesmo ao topo. Certamente um momento único e inesquecível das nossas vidas. Que eu e as minhas duas meninas quase perdíamos, pois a SATA resolveu fazer-nos desaparecer uma mala no voo directo Ponta Delgada – Pico do dia anterior! Fiquei completamente transtornado. Precisamente a mala que continha as botas e outros equipamentos indispensáveis ao feito. Dizem-nos que haverá um outro voo à tarde e que pode ser que ela entretanto apareça. Não apareceu (parece que foi passear a Lisboa) e tivemos de comprar tudo novo na Madalena, pois a subida era já na madrugada do dia seguinte. Entretanto, já apareceu – o que continuam desaparecidos são os quase quatrocentos euros que tive de gastar para poder concretizar o único objectivo da nossa viagem de sexta-feira a domingo à ilha do Pico.

A montanha do Pico na tarde do dia 5 de Agosto

Os primeiros momentos da escalada, na madrugada do dia 6 de Agosto

Sobre as nuvens em terra firme

Um olhar da Sofia

A cerca de 2250 metros

Os Amigos dos Açores chegando ao topo - foto da Sofia

O Regresso, com a ilha do Faial ao fundo – foto da Sofia
Francisco 8:54 da manhã | 7 comments |

13.7.05

Ar Condicionado

Chegado a Lisboa já perto da uma da manhã de hoje, isto é, muito para lá da hora do meu deitar habitual, não imaginava o que ainda me esperava... Ao abrir a porta do quarto do hotel, fui engolido por uma onda de calor. No termóstato do sistema de ar condicionado, leio 30º como temperatura ambiente. Ligo-o e mantenho a selecção que aparece por defeito: 19º. À espera do resultado, leio os documentos da reunião da manhã, respondo aos comentários do Entramula!, sempre sob os mesmos 30º. Deito-me, levanto-me, desligo o ar condicionado e abro a janela, volto a deitar-me e levantar-me. Impossível aguentar. Telefono para a recepção, eram já três da manhã. Confirmam que algo se passa e propõem-me mudar de quarto, no mesmo andar. Mas a situação repete-se. Desço do 11º para 9º, espero meia hora com o sistema ligado, e, de novo, só ventilação, sem capacidade de refrigeração. Outra vez a recepção e outra vez descida de andar, agora para o 8º, onde noto uma ligeira melhoria e acabo por adormecer, eram já passadas as quatro horas. A primeira coisa que faço, depois das cerca de três horas de sono, é escrever uma reclamação e preparar-me para mudar de hotel. Acabo por ficar, depois da eficiente intervenção do Director, que rapidamente fez aparecer um técnico que solucionou o problema num abrir e fechar de olhos, dizendo que aquilo era tudo muito estranho e que provavelmente apenas se estavam a seleccionar nos equipamentos funções incorrectas... Mas pronto, sou, de novo, um cliente satisfeito. Dentro do possível, naturalmente. Pois ar condicionado não se compara com o ar natural dos meus Açores.

Furnas
Francisco 8:30 da tarde | 4 comments |